Anarquia Hoje - Parte 2 - Cripto-Anarquismo

Dialética da Libertação: Anarquismo, Existencialismo e Descentralismo
Anarquia Hoje - Parte 2 - Cripto-Anarquismo

"Anarquia é o equilíbrio entre Um e Todos" - charlie777pt

Introdução

O objetivo principal desta série é encontrar os elos, as metas e as sinergias comuns entre as várias tendências anarquistas, quebrando o isolamento, e promovendo o apoio mútuo entre as várias comunidades ou indivíduos que professam o Anarquismo.
Antes de falar sobre o Anarquismo Hoje, decidi fazer um só artigo, sobre os Cypherpunks e o Cripto-Anarquismo, como uma das minhas maiores influências nas várias personalidades anarquistas do meu "Anarka" (Ernst Jünger) e na construção da minha consciência política.

Cypherpunks, Hackers e Anonymous fazem parte do movimento que ajudou a construir um cripto-mercado descentralizado e anónimo usando criptografia, apoiando as comunidades de redes virtuais no ciberespaço, crinado retorno aos princípios e raízes da criptografia-anarquia.
O Anarquismo sempre teve um grande respeito pela humanidade e claramente tem uma atitude antifascista e anti-coletivista em relação a qualquer tentativa contra o direito do exercício de vontade individual e dos os direitos humanos.

"O que queremos dizer com respeito à humanidade? Queremos dizer o reconhecimento do direito humano e da dignidade humana em todos os homens, de qualquer raça [ou] cor" - Michael Bakunin, 1867.

1 - Cypherpunks

Whitfield Diffie e Dr. Martin Hellman publicaram em 1973 o "New Directions in Cryptography", e em 1992, Eric Hughes, Timothy C May e John Gilmor criaram o movimento "Cypherpunk", e o primeiro publicou mais tarde "O Manifesto do Cypherpunk".

Cypherpunks, foram ativistas do final dos anos 80, que queriam usar a tecnologia criptográfica de encriptar mensagens para garantir privacidade e segurança, como sementes para a liberdade pessoal como o vetor fundamental da mudança social, política e económica.

"Assim como a tecnologia de impressão alterou e reduziu o poder das corporações medievais e a estrutura do poder social, os métodos criptológicos também alteram fundamentalmente a natureza das corporações e a interferência do governo nas transações económicas". - Timothy C. May - O Manifesto Cripto-Anarquista.

2 - Cripto-Anarquismo

Timothy C. May publicou "The Crypto Anarchist Manifesto" (1), em 1988, que eu li em 1991 em S. Carlos (Califórnia), fornecido por um amigo cypherpunk local, e a minha mente ficou impressionada com as possibilidades imaginadas pelo menor livro que eu já li, isso foi como um grande compêndio a explodir na minha mente, sobre as tendências e possibilidades do futuro.

Nesta altura, eu nunca imaginei que esta tecnologia pudesse ser levada á prática tão rápido, até que li o Manifesto de Nakamoto em 2009, e fiquei louco, como num estado de hiperatividade de 5 dias sem dormir, até conseguir começar a minerar Bitcoin com o computador que eu usava todos os dias.
Eu consegui apenas minar 3,2 bitcoins que eu vendi quando chegou a 1400 doláres porque pensei naquele tempo que era o valor máximo que um Bitcoin poderia alcançar.:(

"A Cripto- Anarquia é a realização ciberespacial do anarco-capitalismo, transcendendo as fronteiras nacionais e libertando os indivíduos para fazer os arranjos económicos que eles desejam fazer consensualmente". - Timothy C. May em Crypto Anarchy e Virtual Communities.

O princípio fundamental do Cripto-Anarquismo é o segredo, e a única lei que aceita é a matemática expressa em código seguro.
O Cripto-Anarquismo para mim é um dos mais poderosos e promissores paradigmas do Anarquismo, com a introdução de uma mudança tecnológica apoiando uma mutação social pela descentralização, e uma das provas vivas da criatividade das mentes anarquistas e ativistas.

Nunca esqueça que este é o primeiro Anarquismo que clama por liberdade e mudança, tendo por base uma tecnologia no reino anárquico da web, que é apoiada por um sistema social e económico baseado na descentralização.
Os Cripto-Anarquistas não aceitam as leis nacionais e internacionais e para eles não é imoral quebrá-las, e propõem o uso de métodos criptográficos para manter sigilo, mas cada um pode criar novas leis usando contratos inteligentes ou a reputação dos utilizadores anónimos (pseudónimo).
Os Cripto-Anarquistas querem transformar a sociedade baseada em consenso descentralizado, usando criptografia forte para criar redes p2p, eliminando a necessidade de confiança, com o objetivo de suportar a construção da Anarquia.

Isto é muito parecido com a atitude Anarquista de Ernst Junger (Anarch), que agindo como toupeiras para criam túneis de resistência anónima, minando a autoridade estatal e governamental, usando o primeiro reinado da anarquia da Web como uma colméia escondida que está a apoiar a evidência de uma alternativa viável social de mudança política e económica, baseada em princípios anarquistas.

3 - O Bitcoin e o Blockchain

Bitcoin nunca foi (e não é) sobre o dinheiro para mim, mas uma questão de entender esta tecnologia estranha na prática, e foi mágico usar dinheiro para comprar coisas, vindo do nada e gerado no ciberespaço (com custos hardware e eletricidade, é claro que eu não contei na época).
Mais tarde fiquei desapontado que o espírito humano sempre encontre novas maneiras de explorar esta participação pessoal na mineração, criando grupos para ter poder concentrado de mineração com empresas para lucro, usando pools coletivas e ASICs que alteraram a visão de Nakamoto do blockchain e matando a mineração individualista de CPU, aberta a todos os utilizadores.

Desde 2009, que comecei a sentir uma espécie de distensão psicológica no sentido do tempo, que fez com que os últimos 8 anos pareçam 50 anos de vida, gerado pela velocidade de mudança evolutiva intensiva de um mundo baseado na possibilidade de transformar o sistema atual num reinado anarquista ageográfico e aterritorial , pertencendo a toda a humanidade e não aos estados e países coercivos.

Os Blockchains públicos são a prova prática de uma plataforma, que é de propriedade coletiva (coletivismo) baseada na auto-administração das pessoas diretamente envolvidas nas funções económicas, mas neste ambiente do ciberespaço cada pessoa (individualismo) pode exercitar a sua potencialidade e criatividade individual, mas possuindo propriedade privada, como as cripto-moedas.

O Bitcoin e o Blockchain, aplicados a contabilidades distribuídas e à internet das coisas, baseiam-se em estudos teóricos e práticos de décadas, que menciono apenas alguns dos contribuintes, como o governo dos EUA (hehe), os escritos de David Chaum sobre dinheiro digital anónimo, a reputação pessoal e a entidade oculta com pseudónimo, que foi professada pelos Cypherpunks e pelos Cripto-Anarquistas.
Aqui fica como Timothy C. May preveu o futuro em 1988 com uma perfeição inegualável, com esta profecia que, de fato, sumariza toda a história até hoje do que ele chamou a "CryptoNet".

"O Estado tentará, é claro, desacelerar ou deter a disseminação dessa tecnologia, citando preocupações com a segurança nacional, uso da tecnologia por traficantes e evasores fiscais, e temores de desintegração social. Muitas dessas preocupações serão válidas; a anarquia criptográfica será permitir que os segredos nacionais sejam comercializados livremente e permitir o comércio de materiais ilícitos e roubados Um mercado informatizado anónimo possibilitará até mesmo mercados abomináveis ​​para assassinatos e extorsão Vários elementos criminosos e estrangeiros serão usuários ativos da CryptoNet. a propagação da anarquia criptografada." - Timothy C. May - O Manifesto Cripto-Anarquista.(1988)

O próximo post é sobre a Anarquia Hoje que ainda não consegui concentrar num post, um assunto tão vasto e complexo, e que eventualmente terá de ser desdobrado em algumas partes.

Video:

O Manifesto Criptoanarquista - Timothy C. May


Leitura adicional em Inglês:

David Chaum, "Security without Identification: Transaction Systems to Make Big Brother Obsolete"
Chohan, Usman ​ ​ W. , Cryptoanarchism ​ ​ and ​ ​ Cryptocurrencies (2017)
Timothy C. May, The Crypto Anarchist Manifesto, 1988
Timothy C. May, various writings in Nakamoto Institute
Cypherpunk: Wiki
Whitfield Diffie and Dr Martin Hellman (1973), New Directions in Cryptography

Crypto-Anarchists and Cryptoanarchists
Forget far-right populism – crypto-anarchists are the new masters

A Dialética da Libertação: Anarquismo, Existencialismo e Descentralismo.
Artigos publicados:

Introdução à Dialética da Libertação: Anarquismo, Existencialismo e Descentralismo

I - Anarquismo

Próximos posts da Série:
I - Anarquismo(cont.)

  • A Anarquia Hoje (cont.)
    • Parte 3 - Ferramentas para a Anarquia
    • Parte 4 - Anarquia e Blockchain
    • Parte 5 - Anarquismo de Hoje

II - Existencialismo

  • O que é o existencialismo?
  • Os "Existencialismos"
  • Humanismo e Existencialismo
  • Existencialismo e Anarquismo

III - Descentralismo

  • O que é o Descentralismo?
  • A Filosofia do Descentralismo
  • Blockchain e Descentralização
  • Anarquismo, Existencialismo e Descentralismo

IV - Dialética da Auto-Libertação

  • O Congresso da Dialética da Libertação
  • Psicanálise e existencialismo
  • O movimento antipsiquiátrico

Referências:

- charlie777pt on Steemit:
A Realidade Social : Violência, Poder e Mudança
Piotr Kropotkin - O surgimento do anarquismo
Colectivismo vs. Individualismo

Livros:
Bey, Hakim (1991) 7:A.Z.: the Temporary Autonomous Zone, Ontological Anarchy, Poetic Terrorism, Brooklyn, NY: Autonomedia.
Byas, Jason Lee, Toward an Anarchy of Production - Parts I and II
Marshall, Peter, Demanding the Impossible A History of Anarchism, Fontana Press (1992 )
Oizerman, Teodor.O Existencialismo e a Sociedade. Em: Oizerman, Teodor; Sève, Lucien; Gedoe, Andreas, Problemas Filosóficos.2a edição, Lisboa, Prelo, 1974.
Rothbard, Murray N., The Ethics of Liberty (1982)
Rothbard, Murray N., For a New Liberty The Libertarian Manifesto, Revised Edition
Tucker, Benjamin, Individual Liberty, Selections From the Writings
Pierre-Joseph Proudhon , What Is Property?
Bakunin, Michael , Bakuninon Anarchy: Selected Works by the Activist-Founder of World Anarchism
Crypto Anarchy, Cyberstates, and Pirate Utopias, edited by Peter Ludlow
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