Qual a definição de escravidão? É trabalho forçado. Você trabalha não porque chegou a um acordo com o patrão e decidiu que seria vantajoso pra você trabalhar pra ele, mas porque simplesmente ele te obrigou à força a isso.
Pois bem, quando se lembra de escravidão normalmente se pensa na relação patrão/empregado, e se esquece de uma terceira figura aí envolvida e que quase nunca ela é desprezível. Muito pelo contrário, ela é essencial como veremos a seguir.
No Brasil é famoso o ditado que diz "pra cada real de salário pago ao empregado, o empregador tem que desembolsar o dobro". E isso é uma verdade. Devido às nossas obrigações trabalhistas (não são direitos trabalhistas porque não são opcionais, logo são na verdade obrigações) o custo de cada empregado para uma empresa é duas vezes maior que aquilo que ela paga de salário bruto.
Só isso já dá pra perceber como o Estado é essencial nas relações trabalhistas. Como não existe milagre, se o empregador acha que uma certa mão de obra só é lucrativa pra ele gastando por ela no máximo R$ 10.000,00, ele vai pagar no máximo R$ 5.000,00 de salário para o funcionário pois saberá que o resto será despesas com encargos trabalhistas.
Se fosse só isso já seria um absurdo se você parar pra pensar que a mão de obra do trabalhador vale x e ele só está recebendo x/2. Mas por incrível que pareça não é só isso. Existem impostos que precisam ser pagos não pelo empregador, mas pelo trabalhador, e que incidem diretamente na folha de pagamento dele. O principal deles é o famoso imposto de renda. Então o salário do empregado que é R$ 5.000,00 bruto, quando ele for sacar no banco o líquido só vai ficar com cerca de R$ 3.000,00.
Aí você deve estar pensando: meu que absurdo, a mão de obra do funcionário vale R$ 10.000,00 e ele só fica com R$ 3.000,00. Mas não é só isso não, ainda tem mais absurdo por aí.
Todo mundo sabe que no Brasil pagamos muitos impostos. Mas o pior é que a maioria deles incidem sobre o consumo. Essa é a forma mais injusta de tributar, pois afeta principalmente quem não tem dinheiro pra poupar e gasta todo o salário consumindo, ou seja, exatamente os mais pobres. O imposto sobre o consumo no Brasil gira em torno dos 50% ou até mais dependendo do produto, pois agem em cascata.
Então vamos voltar ao nosso exemplo. O empregador acha que o trabalho do funcionário vale R$ 10.000,00, mas só paga diretamente a ele R$ 5.000,00 por conta dos encargos trabalhistas. O empregado então quando vai sacar o líquido só encontra lá na sua conta R$ 3.000,00. Ele pega esses R$ 3.000,00 e vai fazer a feira do mês, onde os produtos estão 50% mais caros do que o que deveria ser por conta dos impostos. Ou seja, esses R$ 3.000,00 dele só tem poder de compra de R$ 1.500,00. No final das contas, por conta do “sócio” Estado nas relações trabalhistas, um trabalho que vale R$ 10.000,00 só se traduz em poder de compra para o trabalhador no equivalente a R$ 1.500,00. Isso dá uma mais-valia de estonteantes 85%.
Então meu amigo, quando for pensar e argumentar sobre mais-valia, não se esqueça do próprio Estado, e que somos todos verdadeiros escravos dele. A verdadeira mais valia é a dos impostos.

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