A maioria das pessoas deve ter um senso perspicaz crítico, alcançado pela tal da autoconsciência. O único problema é que devemos explorar muito pouco ou quase nada esse recurso. Afinal de contas, quem gosta de críticas? Mesmo que construtivas não deixam de ser, muitas vezes, desagradáveis.
A preocupação e as facilidades para exaltar as qualidades disfarçam ou até escondem os defeitos. Com o tempo, o discernimento entre o bom e ruim de nós mesmo pode ficar não tão claro.
Para constatar isso, basta se ver questionado em uma entrevista de emprego sobre o “seu maior defeito”. É muito provável que sem ensaiar a resposta, tenha dificuldades em encontrar algo sincero, autêntico e, nesse caso, não comprometedor.
Em cada lugar que frequentamos somos uma pessoa diferente. Em casa com a família, na rua com os amigos, no trabalho, com os colegas, e até nas redes sociais com todo mundo. É impossível ser exatamente o mesmo em todos os lugares.
Com tantas possibilidades de comportamento, não parece estranho o fato de termos dificuldades em identificarmos os defeitos.

Mesmo em um ambiente familiar, é possível que nos surpreenda sobre as opiniões alheias das nossas atitudes. Experimente investigar o que as pessoas próximas pensam de você, digo investigação para evitar que se sintam desencorajadas em serem sinceras demais se perguntar diretamente.
Esse poderia ser um bom exercício para se fazer no trabalho também, porém pode ser que não seja tão simples, considerando a função e cargo. Feedbacks não são tão fáceis quanto se parecem em teoria.
Um dessas observações aleatórias está no livro O Monge e O Executivo. Nele, o autor conta como achava que era um ótimo chefe e pai de família até um dia descobrir que não era bem assim. Sua autoconsciência estava totalmente fora do eixo, devido aos seus próprios defeitos, um dos que mais atrapalha é o excesso de egocentrismo.
Já um retrato de sentidos apurados é o de Anne Frank. Nas páginas do seu diário dá para ter uma noção como uma pessoa tão jovem consegue ter uma visão tão abrangente do seu próprio eu.
Em meio a tantas obviedades e neuroses, talvez estejamos evidenciando poucos achados, não necessariamente apenas o que satisfaz, no entanto, sendo minimamente seletivos. Diante de inquietações, passamos tempo demais curiosos com irrelevâncias do dia a dia que enaltecem mais do menos em um cenário de preocupações relativas atrás de soluções provocadores, nada eficazes na prática.