Muito além do jardim é considerado por muitos com o último golpe do incrível, único Peter Sellers. Ainda que tenha feito outro filme depois, foi Being There que marcou sua relação final com o cinema. Apesar de uma trama simples e inocente, o longa surpreende suficientemente para ser marcado como um importante filme cult do final da década de 70.
Seja pelas mãos hábeis e delicadas na direção de Hal Ashby (que fez pouco coisa memorável além deste) ou seja pelo fascinante e enigmático Peter Sellers, que já admitiu se considerar um homem sem personalidade, que quando não está atuando sente-se vazio e sem identidade, que se entrega de corpo e alma para o papel de um bizarro jardineiro com nítida lentidão mental que simplesmente não sabe o que fazer quando seu patrão rico morre, acaba sendo confundido com o falecido e enfia-se nas mais absurdas situações, sempre tratado como alguém importante e sábio, onde cada frase que solta é tida como uma "análise existencial profunda". O humor britânico contido porém saboroso consegue permear a história toda e ainda assim o filme tem sua cena final completamente avessa ao contexto principal no qual o espectador é jogado, dando uma impressão de ter presenciado algo especial, raro e necessário de ser visto.
Muita gente não compreende o tipo de emoção que o filme passa ou mesmo não vê graça nenhuma no sério e nem um pouco efusivo Chance (Peter Sellers), mas se você acredita em humor inteligente com uma pegada filosófica, certamente irá gostar dessa película.
Curiosidade: Sabe-se que logo que o livro no qual o filme foi baseado foi lançado, Sellers tornou-se obcecado pela história e queria de qualquer forma fazer esse papel. Ele praticamente obrigou o filme a ser feito, enviando telegrama para o escritor e disponibilizando-se para o diretor.
Direção - Hal Ashby
Roteiro - Jerzy Kosinski
Duração - 130 min.
Rosemary's Baby - 1968 | The Wicker man - 1973
