#DICIONÁRIO DA MÚSICA# - Sangre Cavallum

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Na última ocasião, falei da banda galega Sangre de Muerdago e hoje venho falar sobre outra banda galega: Sangre Cavallum. A semelhança entre os nomes, ambos carregando sangre, ou sangue, parece indicar uma origem em comum, o que não é de todo errado. Ambos os projetos são pertencentes ao gênero Neofolk e trazem consigo a carga cultural galega. No entanto, Sangre Cavallum, que faz referência à Sangue do Rio Cavalum, que é um rio do norte de Portugal, não é uma banda da Galiza pertencente à Espanha, mas da parte setentrional portuguesa, que recebe igual influência celta e possui muita proximidade com o mundo galaico.

A banda é formada por B. Ardo, Corinna Ardo,Jorge Ricardo, R. Coutinho, A. Rangel e Emanuel Melo da Cunha, com participações de Gerhard e teve início em 1997, tendo lançado o primeiro álbum, Alborada do Douro – Cantares da Terra Castreja, em 1998. Em 2004 lançaria Barbara Carmina, em 2006 Pátria Granítica e um split intitulado Barco do Vinho com a banda austríaca Allerseelen e, por fim, em 2007 lançaria Veleno de Teixo. Desde então, a banda só fez participações e lançou compilações.

Um dos princípios da banda reside na necessidade vista em cantar a Callaecia (ou Gallaecia, região que compreende toda a área de influência galega no noroeste ibérico, ultrapassando as fronteiras de Portugal e de Espanha). Trata-se de cantar a terra deles e suas tradições, tanto que a banda usa de instrumentos tradicionais em um sentido de luta espiritual que diz respeito a criar a própria música, tradicional ao lado de elementos modernos (ou seja, * ** Neofolk** *) sem vassalagens às imposições culturais (o genocídio cultural das sociedades modernas).

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As influências da banda vão do Neofolk (Death in June, Sol Invictus e Joy of Life), Post-Punk *(And Also the Trees, Joy Division e Bauhaus) até a música tradicional feita pelos gaiteiros mirandeses e outras manifestações culturais tradicionais presentes na vida rural do norte português. A influência folclórica desses elementos regionais acabaria sendo a mais marcante na sonoridade.

Em suma, os temas que a banda aborda são cultura galega (uma espécie de pan-galegismo), paganismo, vida rural, tradições antigas, espiritualidade e aversão a alguns elementos da modernidade.

Algumas músicas (não consegui achar as letras da maioria, infelizmente):


Aqui se trata da noite de solstício, ocasião que é tida como sagrada pelos pagãos. O solstício marca a passagem do outono para o inverno ou da primavera para o verão. Para os pagãos, essas ocasiões revestem o mundo de mágica e influência dos seus deuses


Infelizmente, não consegui achar letras dessa canção, mas a aprecio


Essa possui, pelo que entendo (me corrijam caso errado, galegos e ibéricos em geral), um conteúdo mais político, falando do que limita o Norte de Portugal com a Galiza espanhola, acreditando que a origem cultural das duas regiões ultrapassam divisões políticas. Fala que o Minho (região de Portugal) não é uma fronteira, mas uma bandeira.

Sei que não é o tipo de música que agrada a todos os gostos, mas vale a curiosidade. Eu, como descendente de portugueses, aprecio muito essa cultura, pois grande parte dos imigrantes portugueses veio para o Brasil dessas regiões mais ao norte, assim como os espanhóis que vieram ao Brasil vieram em boa parte da Galiza. A nossa cultura está interligada por elos quase sumidos no tempo, mas que existem. Quando ouço essas músicas e a gaita de foles galega, sinto-me mais perto de uma raiz antiga, íbero-celta que me vem desde distantes ancestrais.

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