A Revista Veja fez um balanço dos 100 dias do governo Jair Bolsonaro e no meio da matéria, cujo link compartilho no final deste post (ou aqui via Outline para não cadastrados), revelou um suposto apelido que define o novo estilo de governar que faz um paralelo com a revolucionária invenção do Satoshi Nakamoto. Segue abaixo o trecho da reportagem:
No Congresso, a fixação do presidente na internet já rendeu um epíteto: “governo bitcoin”. “Tem muito capital político, mas não consegue concretizar as ideias. Tente comprar um cafezinho na lanchonete com bitcoin para ver se você consegue”, explica o deputado Luiz Flávio Gomes (PSB-SP).
Mesmo depois de ler a matéria, não tenho certeza se a ligação com a criptomoeda mais famosa do mundo, responsável pelo primeiro blockchain posto em prática, acaba funcionando como um elogio ou uma ofensa. Sou suspeito para falar, afinal no fim do ano passado fui aceito na lista de amigos do Satoshi na rede P2P Foundation, mas lembro vagamente de uma frase que defende: o melhor governo é aquele que não aparece.
Pela proximidade do assunto, fui pesquisar se o deputado federal já se pronunciou sobre uma eventual regulação dos ativos digitais, pesquisei rapidamente no site dele - https://www.professorluizflaviogomes.com.br - e no grupo DemocraciaDiretaDigital no Facebook, que parece ser um de seus canais diretos com eleitores e correligionários. Como não é surpresa na nossa política, o parlamentar (tb professor, ex-juiz e delegado) é filiado ao Partido Socialista e tem como causa principal o combate à corrupção.
Faltou pesquisar se o deputado participa de algumas das comissões entre aquelas que a Rafaela Romano (@disruptivas) publicou no link que compartilhei aqui tempos atrás: Levantamento sobre a regulamentação das criptomoedas no Brasil. Ironicamente a adoção oficial dos cripto ativos já está sendo estudada no âmbito de governos municipais - Projeto para criptomoeda de Porto Alegre concorre com outras cidades para receber financiamento de empresa de Israel - e no centro de uma polêmica entre economistas de prestígio - Um dos pais do Plano Real defende uso de criptomoeda emitida pelo governo no Brasil - defendido inclusive pelo atual presidente do Banco Central. Até o BNDES e a Funai começaram a pensar na tecnologia, isso desde os governos anteriores.
Apesar do bitcoin ter sido comparado com a militância nas redes sociais, onde a lacração impera e a desinformação corre solta, com a produção e replicação de memes de campanha sendo denunciados pela velha imprensa (da qual a Veja faz parte) como ilegais - Operação LavaZap, investigações sobre o uso profissional do WhatsApp para propaganda política - o resultado pode ser inverso. Como indicam os links que compartilhei no começo do mês - Lista de projetos contra fake news (inclusive em blockchain) para acompanhar neste 1º de abril, dia da mentira - e antes das eleições no ano passado - Tempos de instabilidade e o único ativo livre de confisco. Isso tudo diante de uma esperada resistência dos supostos representantes do povo: App Mudamos, de participação política popular com certificação de assinaturas via blockchain, sofre revés no DF anos depois de ser aceito na câmara municipal de João Pessoa/PB.
Revista Veja: O governo ficou menor. Ao desperdiçar tempo com questões irrelevantes e brigas desnecessárias, o governo Bolsonaro perde apoio entre seus eleitores
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