A Dinâmica do Poder - Parte 5 - Tomada de Decisão e Liderança

Realidade social: violência, poder e mudança
A Dinâmica do Poder - Parte 5 - Tomada de Decisão e Liderança


Nesta série sobre a Dinâmica do Poder na Parte 1, falamos sobre a Legitimidade da Autoridade, na Parte 2 sobre os Modelos de Liderança, na Parte 3, as Características da Liderança, na Parte 4 foi sobre a Inter-relação na Liderança, e este post é o último post sobre o tema da Liderança.
O próximo post terminará o ciclo do Poder estudando seus efeitos na sociedade e nas pessoas.
Uma das partes importantes da liderança é a maneira como Líder atua no processo de tomada de decisão.

Um Estilo de Liderança refere-se aos comportamentos característicos de um Líder e como ele toma decisões ao dirigir, motivar, orientar e liderar um grupo de pessoas.
Vamos apresentar algumas teorias sobre Tomada de Decisão e Liderança: o Modelo Participativo, o Modelo de Decisão Racional e o Modelo Transformacional.

1- O Modelo de Participação

Em 1973, Vroom e Yetton apresentaram o Modelo de Participação que pode nos ajudar a encontrar a melhor abordagem do processo de tomada de decisão e o estilo de liderança a assumir em relação à situação em que ela ocorre.

leadership-vroom-pt.jpg

Os códigos a seguir representam os cinco possíveis processos de tomada de decisão, usando os três modelos a seguir, em que os dois primeiros se subdividem:

1.1 - O Modelo Autocrático (A) que pode ser dividido em dois subgrupos:

1.1.1- Autocrático (A1): Expressa-se no uso da pré-informação que eles já possuem para tomar decisões, sem necessitar de qualquer contribuição adicional de sua equipe.
1.1.2- Autocrático (A2): Consulta a equipe para obter informações específicas necessárias e, em seguida, ele toma a decisão final.

1.2- O Modelo Consultivo (C) que possui 2 subdivisões também:

1.2.1 - Consultivo (C1)
Informa a equipe sobre a situação e pede opiniões individualmente, mas eles não reunem com o grupo juntos para a discussão. Eles tomam a decisão final.
1.2.2 - Consultivo (C2): Junta-se à equipe para a discussão em grupo sobre o assunto, pede sugestões, mas ainda toma a decisão final.

1.3 - O Modelo Colaborativo (G):
Trabalha com a sua equipe para alcançar um consenso de grupo. O principal papel do líder é quase só ser facilitador e apoiar os membros da equipe para chegar a uma decisão final acordada pelo grupo.

A abordagem de Estilo Colaborativo ou Consultivo é uma solução melhor quando há necessidade de informações do grupo para resolver ou problemas, definir problemas difíceis, a auto-motivação é uma obrigação e temos tempo para tomar uma decisão em grupo.
O Estilo Autocrático é adequado quando, o conhecimento do líder é maior do que o das pessoas, ele tem autoconfiança e tem certeza sobre a aceitação de suas decisões e não existe tempo suficiente disponível.

1.4 - Liderança e Influência versus Imposição
A influência de um líder pode ser positiva se os liderados se envolverem com a sua própria motivação, e é negativa quando há uma imposição como força atuante.
Na Liderança é possível impor determinadas acções a um subordinado, usando o poder para o conseguir, mas é impossível impor a motivação a cada um na prática essa mesma acção.

É a motivação que a liderança tem de melhorar, e não é suficiente atingir os objectivos da organização, mas que as acções desenvolvidas pelos subordinados sejam executadas por sua livre vontade e determinação.

2 - O Modelo Racional de Decisão

No modelo de Robert Tannenbaum e Warren H. Schmidt, o estilo de liderança é definido um continum de sete formas de comportamentos de decisão, que vão de um máximo de total centralização da autoridade no líder até um mínimo em que se chega à total delegação da autoridade nos subordinados.

lideranca-tipo2-tannenbaum-pt.jpg

Esta teoria permite-nos rapidamente identificar o tipo de líderança que está a ser exercido, apenas observando como é o processo de tomada de decisão de cada Líder.

"O trabalho em equipe é uma decisão estratégica". - Patrick Lencioni

Robert Tannenbaum e Warren H. Schmidt estudaram as forças que Influenciam o estilo de liderança e concluiram que ao escolher o tipo de liderança, o líder deve ter em consideração três tipos de forças, nomeadamente:

2.1 As Forças que constragem o Leader :
- Sistema de valores, creças e convicções pessoais
- Confiança nos seus colaboradores
- Inclinações pessoais sobre a forma de liderar
- Sentimento de segurança em situações incertas

2.2 - As Forças que Operam nos Colaboradores:
- Necessidade de liberdade ou de orientação superior
- Disposição para assumir responsabilidades
-Segurança na incerteza
- Interesse pelos problemas ou pelo trabalho
- Conhecimentos e experiência para resolver problemas
- Expectativas de participação na tomada de decisões

2.3 - As Forças que Operam na Situação:
- Tipo de organização, valores, crenças e políticas
- Performance do grupo de subordinados
- Constragimentos do tempo
- Complexidade das funções e conhecimentos necessários

"A informação é uma fonte de aprendizagem. Mas, a menos que seja organizada, processada e esteja disponível para as pessoas certas em um formato para a tomada de decisões, isso é um fardo, não um benefício." - William Pollard

3 - Liderança Transformacional

Os Líderes Transacionais orientam ou motivam seus seguidores na direção de objetivos e metas estabelecidos, identificam os papéis e os requisitos da tarefa ou, em alguns casos, corrigem falhas e erros.
Os Líderes Transformacionais fornecem atenção individualizada e estímulo intelectual e normalmente possuem carisma.
Howell and Hall-Merenda estudaram em 1999 o efeito da Liderança Transformacional em situações próximas ou em trabalho remoto.
Estranhamente, eles descobriram que Líderes Transformacionais têm desempenhos mais altos em seguidores em situação mais próxima do e piores em situação de trabalho remota.

Os Líders Transacionais ou passivos têm menos desempenho com a sua proximidade dos subordinados do que numa situação remota em que há aumento de performance.
Burns em 1978 definiu como a Liderança Transformacional é concebida sendo baseada num processo de influência capaz da utilizar o Poder para transformar os sistemas sociais.
Para ele a Liderança Transacional, é um processo de influência que atua ao nível da motivação dos seguidores para conseguirem alcançar os seus próprios objectivos. A contrário da liderança transformacional , a transacional não produz mudança social.

Vou mencionar um estudo interessante sobre as diferenças de género entre homens e mulheres
Payne e Cangemi em 1997 descobriram que após formação adequada para uma tarefa, homens e mulheres realizam os mesmos comportamentos e que antes ou na ausência de formação, homens e mulheres realizam comportamentos estereotipados de género.
Watson e Hoffman, em 1996, mostram que as mulheres demonstram menos confiança e pouca satisfação com seu desempenho do que os homens, embora não tenham sido diferentes na performance.

4 - O Chefão e o Líder

O Chefão

o Líder

O chefe diz "eu", "mim" e "eu mesmo" O líder diz "nós", "conosco" e "nós mesmos"
O chefe dirige e domina as pessoas O Líder forma e capacita as pessoas
O chefe depende da autoridade e coerção O Líder sustenta-se por influenciar e motivar as pessoas
O chefe inspira medo e imposição O líder inspira entusiasmo e boa vontade
O chefe corrige problemas culpando alguém O líder encontra soluções para os problemas
O chefe sabe como as coisas são feitas O líder mostra como se fazem as coisas
O chefe aceita o sistema O líder desafia o sistema
O chefe pensa no curto prazoO líder vê a longo prazo
O chefe tem apenas uma missão O líder tem uma visão
O chefe mantémO líder desenvolve

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Referências consultadas:

Les concepts fondamentaux de la psychologie sociale - Gustave-Nicolas Fischer
La psychologie sociale - Gustave-Nicolas Fischer
A dinâmica social-violência, poder, mudança - Gustave-Nicolas Fischer Planeta/ISPA, 1980
Gustave-Nicolas Fischer é Professor de Psicologia e Diretor do Laboratório de psicologia na Universidade de Metz.
Raven, B. H. e ; Rubin, J. Z. (1976). Social psychology: People in groups
French, J. R. P., e ; Raven, B. H. (1959). The bases of social Power. In D. Cartwright (Ed.),Studies in social Power. Ann Arbor, MI: Institute of Social Research
Castel, R. As metamorfoses da questão social. Vozes, 1998.
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V^room, V.H., Yetton, P.W., 1973, “Leadership and Decision – making”, Pittsburgh:
University of Pittsburgh Press.

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